longe, das sombras dos séculos. Era renegar o sangue que lhe circulava nas veias e que já de si representava amor ao bem público, concórdia. Na lembrança mística do casamento de uma princesa de Portugal, D. Izabel, com um príncipe de Castela, Dom Afonso, filhos de Reis, estava firmada a paz entre as duas nações consolidada nas bodas de Santarém com aquele laço esplendidamente atado a 2 de outubro de 1377. Essa paz era o sacrifício nobilíssimo de dois corações que de um casamento político vieram a amar-se profundamente. Deles procede a Casa d'Arcos. Herdeiro de tão primorosas virtudes que chegam ao sacrifício de si próprio por amor ao bem comum, numa inigualável abnegação, não podia o Conde dos Arcos renegá-las, pois quando os nobres fraquejam, fraquejam as nações. Ele que estava ligado por laços de sangue às maiores casas nobres de Portugal e Espanha que daquele real tronco procediam como os Condes de Faro, Condes de Vimieiro (Antigo), Abranches, Atouguia, Angeja, Vila-Verde, Pombeiro, Castelo Branco, Unhão e tantas, tantas outras luzidíssimas linhagens nas quais ainda se juntam os Duques de Bragança, os Duques de Badajoz, os Condes de Niebla, os Condes de Coria, Duques de Alba, Condes de Oropeza, Marqueses de Riançuela, Marquezes de Montemor, Condes de Penamacor e outros tantos apoteóticos herdeiros do melhor sangue, - ele, assim nobilitado pela estirpe, não podia recuar, fraquejar, cair! A nobreza morre, mas não cede. A palavra dada, o juramento de fidelidade, a defesa dos princípios, assim o impõem.
Por isso estava serena a consciência do último Vice Rei do Brasil, embora tudo conspirasse contra ele.