10 - Juízo da posteridade
Dom João VI, antes de decidir-se embarcar para Portugal, estudara seríssimamente a situação, sem desdenhar o conselho dos seus auxiliares, e, em primeiro lugar, do Conde dos Arcos. Dizia-lhe em carta: que tem o número 132 no Arquivo da Casa d'Arcos:
"Conde, tinha tenção de lhe mostrar huma lista q. tinha projectado publicar no dia de Festa da Ordem, mas a não quis publicar, sem tornar a saber o seu parecer, pois me esqueceu.
He necessário este negocio achar-se com huma ultima decizão pois já sofro o estar entretendo o Conde.
Quanto ao q. tratamos a respeito de Portugal; espero q me ponha por escrito o seu parecer, pois me faz mto pezo pelo mto q. dezeja q. eu acerte; a resposta ao primeiro paragrafo quero a resposta hoje pois amanhã tenho despaxo. Quanto ao segundo me responderá quando tiver tempo.
(ass.) J. Boa Vista em 17 de Dezembro de 1820"
Que clarividência tinha este grande e dedicado monarca que o liberalismo não se farta de injuriar!
Meses, apenas, antes de embarcar Dom João afirmava que o parecer do Conde dos Arcos "me faz muito pezo pelo muito que deseja que eu acerte". É a prova completa daquela confiança inalterada e que os cortezãos queriam ver rompida.