O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817

"doutrinas. Já nas nossas vilas e cidades, em casa dos "compadres" e nas boticas, os nossos cirurgiões, os nossos físicos, os nossos licenciados cristãos-novos, cofiando as barbas como qualquer bacharel republicano, alisando os bigodes (dos anteriores a 1910), propalavam a necessidade das grandes reformas. O Reformador chegou, - Sebastião José de Carvalho e Melo, 1º ministro de D. José, Conde de Oeiras, e mais tarde, Marquês de Pombal ("descendente direto dum Mestre João Carvalho, sepultado em Anciães, de quem não há mais notícias", diz Camilo que era neto de preta... o que não é bem exato. Era, sim, descendente de índios pelas casas de Mendonça, Almada, Melo e Cavalcanti de Albuquerque, de Olinda, ligadas ao cacique "Arco-Verde"). Logo em seu redor os cristãos-novos (e exclusivamente os cristãos-novos), vieram circular como um puginho. Pombal tornou-se o chefe dos judeus. O ministro reconhecia os seus adeptos e tratou de socialmente os elevar, para que assim se dignificasse o seu partido; e combateu o partido antissemita. Contudo, grande número de cristãos-novos já perdera o conhecimento da própria origem, e estes eram os que "por instinto" se agregavam ao núcleo dos seus irmãos de raça. E quanto mais se acirravam os ódios dos nobres contra o vulto enérgico reformador, mais os cristãos-novos se lhe agarravam.

Agora os portugueses dividiam-se política e nitidamente em duas facções: cristãos-novos dum lado, e cristãos-velhos do outro. Não havia dúvidas, toda a gente o sabia; o próprio Pombal o confirmou no decreto que abolia as distinções, afirmando que na família portuguesa não havia mais divergência do"

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