igualar extinguindo as diferenças entre cristãos-novos e velhos, para deixar aqueles mais à vontade. Naqueles estavam os judeus propriamente ditos, e, nestes, os cristãos de tradição arraigada. A luta não é de raças, como parece, mas de religião e essa luta continua mais acirrada nos nossos dias.
E Pombal auferia proveitos desse judaísmo: enriquecia a olhos vistos. A sua obra, ditatorial ao seu tempo, continuaria liberal depois de concluída. Despótico era realmente para os não judeus, não maçons, e liberalíssimo para os que o fossem efetivamente. Para tanto, não deixou de impulsionar as publicações criando em 1768 a Imprensa Régia no sentido de levantar a opinião pública, à moda de Rousseau, judeu de Genebra, em críticas individuais e orientadas pelos que ora dominavam o Estado trazendo, assim, a democratização, o espírito de intriga e perversão. Completando a obra, fundou 837 escolas primárias e secundárias, para que a alfabetização e a instrução viessem colaborar com a imprensa naquele trabalho deformador, dissociativo e individualista, como se a instrução de um povo, mais que a sua educação moral, o engrandecesse. Um povo de analfabetos, mas com suficiente bom senso proveniente de boa educação moral, vale muitíssimo mais que um povo de semiletrados propenso, pelo individualismo de um criticismo fácil, enfatuado duma mesquinha superioridade cultural, a destruir-se pela divisão feroz do seu egoísmo incoerente.
O tirano feria, de uma só vez, o Clero, a Nobreza e o Povo, ou, melhor, todos os Estados do Reino.