O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817

"contraíram êles um ódio inexorável contra o Rei, a quem acusavam de ser um cego vassalo da vontade de Sebastião José, opinião que os jesuítas propagavam, e, principalmente, Padre Malagrida. Este ódio ao Rei pusera um pouco na sombra a figura do 1º ministro.

O depoimento do Duque d'Aveiro no Processo dos Távoras (o mais trágico e o mais vivo documento do século XVIII) tem estas palavras em referência à conspiração anterior à do atentado:

E sendo ainda instado, que havia informação, de que ele Respondente depois do sacrílego insulto de trez de Setembro próximo passado, ameassando a repetição delle fizera sôbre ela a reflexão de que por pouco se não mudara o governo do Reino, ainda antes do referido insulto...

Respondeu que a razão que tivera para aquela afirmativa consistira no plano que Antônio da Costa Freire havia feito depois do terremoto: para estabelecer a Junta da Providência, que havia de absorver o mesmo governo, composta dos Duques de Lafoens, e Aveyro, dos Marquezes de Anjeja, e Marialva Pay, o Conde de São Lourenço etc: Que as diligências, que então se fizerão por todos os modos que são prezentes a Sua Majestade para se fazer efectivo o referido Plano, forão as que constituirão o modo porque se havia acabar o dito governo. E que o pouco que ele Respondente dice, que havia faltado, consistira em lhe affirmar o dito Antonio da Costa Freire, que El Rey Nosso Senhor tinha recebido bem o referido Plano, e estabelecimento da tal Junta da Providência, e que esta teria o effeito, que depois se viu, não havia tido, pelo que se buscaram os outros meyos que depois"

O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817 - Página 46 - Thumb Visualização
Formato
Texto