O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817

"Tudo fazia prever este atentado; e até as profecias dos jesuítas, principalmente as do Padre Malagrida, que chegavam imprudentemente a prever o regicídio para o mês de Setembro desse ano de 1758".

E, mais adiante: "Os jesuítas, baseados na Mística do Padre Malagrida, tinham, com efeito, começado por insinuar a legitimidade dum regicídio quando êle libertasse uma nação das garras opressoras dos maçons; e portanto legítimo, e sem conter em si pecado algum, o atentado contra a vida do Rei. E que dessa morte imediatamente resultaria o protelado consorcio do Infante D. Pedro (irmão d'El Rei) com sua sobrinha, herdeira do Trono, assim evitando ir a coroa de Portugal a reis estrangeiros. E que El-Rei era a causa de se demorar este casamento. Este argumento patriótico servia ótimamente aos jesuítas a demover os escrupulos de consciência no empreendimento dum regicídio! Parece estranho o que afirmo tratando-se dos Religiosos da Companhia, dos tão infamados religiosos! Mas também é um erro e um lugar comum fazer dos jesuítas umas vítimas das intrigas de Pombal e das calúnias dos livres-pensadores! Os jesuítas eram o último reduto da Cristandade, último reduto das antigas famílias portuguesas, - uma raça que se defendia a todo transe, - um poder no ocaso, uma raiva insofrida, um desespero!"

Não é bem um argumento severo dizer-se que a coroa iria ter a "reis estrangeiros" porque assim seria diminuir as leis da Monarquia: a Monarquia é uma instituição e uma dignidade universal. Aliás, fora a Princesa Real, existiam outros príncipes portugueses.

O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817 - Página 48 - Thumb Visualização
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