exemplo dos garimpeiros que, no território dos Bororo, experimentam os revólveres uns sobre outros.
Não quero deixar de mencionar um caso que mostra como o trato com os civilizados influi até nos hábitos mais simples dos índios. Entre os Tapirapé, o homem e a mulher costumam urinar de cócoras. Quando, uma vez, algum tempo depois da minha chegada à aldeia, entrei no mato vizinho para urinar, vi com surpreza, perto de mim, alguns moços a imitar o meu ato e a minha posição. Pareceu, porém, que logo ficaram com medo da sua própria coragem porque apenas haviam assim começado e logo dominados pelo hábito, foram se abaixando pouco a pouco. Mais tarde observei ainda, repetidas vezes, tais tentativas revolucionárias da nova geração; e não abandono a esperança de que esses meus amigos tenham conseguido a realização desejada de uma tal mudança de cultura.
Importante para o julgamento da possibilidade de assimilar os índios à nossa civilização é conhecer-lhes a capacidade de aprender. Os missionários salesianos me contaram que, nas escolas, os Bororo entre 10 e 14 anos aprendiam mais penosamente que as crianças dos brancos e negros, mas que, nos anos seguintes, sua compreensão supera, pelo menos, a dos negros. Têm ouvido musical e talento para as línguas, mas não para a aritmética.
É claro que o contato com os brancos influi também sobre a língua. Aqueles Bororo que desde pequenos falavam português na escola da missão, pronunciam a língua materna menos guturalmente do que aqueles que ignoram