A transformação da verdade filosófica ou científica em afirmação política é o seguimento de uma degradação de valores e, ao mesmo tempo, de uma confusão viciosa de elementos heterogêneos.

Das verdades teóricas decorrem consequências políticas, como de todo fenômeno de cultura resulta uma adaptação civilizadora. Mas esta decorrência pode não se processar naturalmente, isto é, sem erros. Daí o perigo de se confundir as duas coisas num só ser, o que é o mesmo que confundir a alma com o corpo, a expressão substantiva da lei com o processo adjetivo da sua aplicação.

A inteligência, como a beleza, não ri nem chora. Não dispõe de afetividade nem de interesse estranho ao círculo das suas preocupações. Os seus olhos são lúcidos, plácidos, incapazes de refletir as paixões do amor, da cobiça, do ódio, ou do medo.

A investigação intelectual, sendo um trabalho de cultura, é absolutamente independente da cristalização dos seus resultados em torno de concepções políticas, ou de deduções científicas, que são processos típicos de civilização. Aqui, como