Provavelmente Goeldi não manuseou a monografia sobre os mammaes, em que Ferreira sistematizou as suas observações Zoológicas. Se, antes, o jupará fizera companhia aos símios, ali se colocou mais próximo aos ursídeos, entre a irara e o cachorro do mato.
E quanto ao maior dos roedores, se não lhe deu o lugar competente, também não o confundiu de todo com os taiaçús, dos quais o afastou, para incluí-lo no gen. hydrochoeris, em seguida à sp. tapirus.
Não pretendemos, anotando Goeldi neste particular, atribuir a Ferreira critério classificador, que pudesse prevalecer após análises mais meticulosas de seus continuadores, esclarecidos por novas doutrinas.
Ele próprio, embebido dos ensinamentos do genial sueco, divergia, a espaços, do mestre, para refletir acerca do coati: "Lynneu faz consistir a sua diferença, em ser quase fusca, e em ter a cauda de uma só cor. Porém, quanto a mim, semelhante diferença não produz mais que uma variedade."
Em outras passagens, opina igualmente a seu modo, afastando-se do seu guia incomparável. Erraria, sem dúvida, se julgado à luz da ciência atual, mas, para o seu tempo, os enganos seriam perfeitamente justificáveis, embora incorresse, por causa deles, em censura do sábio suíço, que lhe increpou igualmente de inexatos os desenhos, traçados por Freire e Codina, não obstante a excelência do aspecto artístico.
Notam-se-lhes desproporções flagrantes, sentenciou, depois de gabar-lhes a aparência.
"De assíduo colecionador", conceituou por fim, "deu manifestas provas, mas o que deixou de manuscritos seus sobre zoologia, botânica, é de pequeno calado científico."
Por mais temerária que se afigure a intromissão de um leigo em matéria julgada por sábio do quilate de E. Goeldi, ousamos embargar-lhe a sentença condenatória