Alexandre Rodrigues Ferreira. Vida e obra do grande naturalista brasileiro

Alexandre Ferreira, ao revés, jamais recebeu auxílio científico de nenhum colega, nem lhe poderiam oferecer algum os dous "riscadores", que dedicadamente o acompanharam. E no Museu, a manifestação única de competentes visou desvalorizar-lhe o trabalho, conforme depoimento do professor Barbosa du Bocage.

Não teve liberdade de ação, adstrito, como se achava, às instruções do Ministro e dos Capitães-Generais, orientadas por finalidade utilitária. Não era um sábio, a cavaleiro de aperturas financeiras, como Humboldt, mas simples funcionário da Coroa, que dele exigia a aplicação do seu saber em assuntos de imediatas vantagens. Maravilha até como pudesse, em meio das suas múltiplas preocupações, enfadonhamente burocráticas, coligir achegas para as suas interessantes memórias.

As "participações", que lhe constituem o Diario de Viagem, evidenciam a perda de tempo e de trabalho em cada povoado, por menor que fosse, cujas particularidades esmiúça, feito paciente recenseador de todos os seus haveres e aspectos.

Torna-se fatigante a leitura pela opulência de informes, que, nas igrejas, minudenciam até o rol das alfaias e objetos de culto, com a precisa terminologia de sacristão.

O julgador abalizado, aliás, daí deduziu uma das atenuantes a favor do viajante, cujas obras, todavia, não teria provavelmente conhecido, fora das páginas impressas.

Destarte, explica-se o julgamento, porventura excessivo, que proferiu.

Se tivesse deletreado os códices alexandrinos, que não sumiram de todo, e se acham reunidos na Biblioteca Nacional, teria certamente abrandado o seu parecer.

A monografia sobre os Mammaes, a referente à Marinha do Grão Pará, à Agricultura, às enfermidades endemicas,

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