"Era administrador do Real Museu e das Reais Quintas de Lisboa, quando a corte se transferiu para o Brasil, apavorada com a aproximação dos exércitos de Junot.
Não acompanhou a Corte prófuga, como podia legitimamente fazer em sua qualidade de brasileiro nato; preferiu permanecer em Lisboa, dominada pelas hordas francesas, zelando pelas suas magníficas coleções e pelo enorme material literário relativo à expedição na Amazônia. "
Rodolfo Garcia
"Cumpre não esquecer que o célebre Geoffroy de Saint-Hilaire, em pessoa, se apresentou na capital portuguesa e munido de ordem do comandante em chefe do exército de ocupação, praticou a pilhagem no Museu e estabelecimentos científicos de Lisboa, para enriquecer os museus franceses. Sabe-se que as estampas da Flora Fluminenses de frei Conceição Velloso, foram roubadas nessa ocasião e aproveitadas depois por Saint-Hilaire e De Candolle."
Rodolfo Garcia
Dos objetos pilhados foram restituídos em 1814, apenas os manuscritos; os de Ferreira ficaram em Lisboa até 1842, quando uma portaria do Ministro do Reino ordenou fossem entregues ao ministro do Brasil, Drummond, que de fato passou recibo de 258 manuscritos. Deviam ser enviados ao Brasil e após impressos por ordem do Governo Brasileiro; tal condição, porém, não foi até hoje cumprida, senão em parte, como já vimos pela Revista do Instituto Histórico, que publicou também o inventário de seus escritos. O Museu Nacional projetou há tempo a publicação integral da obra de Ferreira, e é de esperar que o faça com a galhardia própria da sua reputação cientifica.
Alexandre Rodrigues Ferreira, o Humboldt brasileiro, como lhe chamavam, morreu aos 59 anos de idade, em Lisboa, a 23 de abril de 1815, vitimado por singular enfermidade, que os seus biógrafos não souberam qualificar.
Rodolfo Garcia