Alexandre Rodrigues Ferreira. Vida e obra do grande naturalista brasileiro

Não o diz claramente, mas o encanto lhe ilumina os traços rápidos, dedicados de todo à missão oficial.

A vista se lhe afogava na mata espessa, viúva de flores a esse tempo.

Aqui e acolá, árvores pejadas de frutos proporcionaram-lhe especímenes, que prontamente colheu, para a primeira remessa ao Gabinete Real, à volta da charrua em que viajara.

Próximos à praia, "de areia miúda e saibro", observou a original arquitetura dos formigueiros com os seus "labirintos". De outra parte, arfava o mar inçado "de peixe", ou o rio com as mesmas ondulações.

Esboçou com simpatia o quadro, que se lhe apresentou à vista acostumada aos aspectos europeus:

"Além de outras plantas e árvores comuns a todas estas ilhas, como são aningas e tábuas, mangues, xiriúbas, mamorixana, cebola brava, embaúba, embiri branca, lombrigueira, sumaúma e outras, cujos nomes sistemáticos, já em grande parte constam da Flora guianense, e a seu tempo constarão desta do Pará, quando me for possível retificar as minhas observações, honram igualmente as suas margens diversas qualidades de palmeiras dispensadoras de uma primavera sempre leda. A verdura nelas e em quase todas as árvores do país, é imortal. Estão em seus ramos os papagaios, os periquitos e alguns saguins, arremedando e contrafazendo tudo quanto veem e ouvem ao espectador que os observa. Não faltam nos alagadiços lontras, capivaras e diversos ratos aquáticos além de jacarés!"

Tão empolgante se lhe abria a natureza, que não se correu de anotar, de passagem: "Tudo tão curioso que com algum desgosto largamos da Ilha pelas 11 horas do dia, por devermos sem perda de tempo lançar mão da maré."

Urgia transpor a baía, enquanto lhe corria a brisa de feição.

Alexandre Rodrigues Ferreira. Vida e obra do grande naturalista brasileiro  - Página 50 - Thumb Visualização
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