Alexandre Rodrigues Ferreira. Vida e obra do grande naturalista brasileiro

a adquiriu D. José, em troca do viscondado de Mesquitella e "parece que, segundo ouvi, três mil cruzados mais."

Começou, então, o domínio direto da Coroa, que ali encontrou, afazendados, os Jesuítas e outros religiosos.

Entrou a organizar-lhe a vida administrativa, com autoridades subordinadas ao Capitão-General, que até então não poderia ter maior ingerência no seu destino.

Crismou de vila mais de um povoado, com o rótulo berrantemente aportuguesado, onde surgiram as câmaras, constituídas de brancos e índios.

Ferreira minudencia-lhe as particularidade essenciais da vida civil, como também da eclesiástica, e da organização militar, antes de bosquejar o panorama físico daquela região opulentamente adubada pelos rios benfeitores. Enumera-os longamente, pelo critério da navegabilidade.

Entre os demais sobreleva o Arari, que navegou de arrepio, até o lago das Cabeceiras, onde chegou a 4 de dezembro.

Tão apressadamente queria jornadear, que se lhe afigurou enfadonha a viagem pelo "rio mais complicado com voltas e rodeios, que espero ver."

Repugnava-lhe, na realidade material, a subordinação do homem aos torturantes coleios potamográficos, assim como detestava os encurvamentos morais, preferindo sempre o caminho reto.

Em compensação, salteou-o, ao termo da viagem, surpresa maravilhosa: "o lago no tempo do verão tem boa légua e meia de longo; é a perspectiva mais galante que os olhos humanos podem ver, porque as árvores em redor não são árvores, são viveiros de infinitos jaburus, tijujus, guarases, maguaris, patos; no do inverno é um oceano por toda a porção que se olha."

O encanto das paisagens emparelhava-se com a utilidade inigualável do solo dadivoso, que o levou a

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