Formação histórica da nacionalidade brasileira; Primeiros povoadores do Brasil; 1500-1530

sorviam as principais fontes de ouro. E a miséria, dourada pela vizinhança da realeza, sucedeu à prodigalidade subvencionada pela Índia. Uma opereta de Offenbach lembra o que deviam ser na decadência os fidalgos das Espanhas. Traz à ribalta longo cortejo de palacianos, de categoria decrescente à medida que se adianta o desfile, até luzido grupo, tão gravebundo e empafioso como os demais, pomposamente anunciado pelo arauto "Des seigneurs sans importance".

Conestágio notou que os nobres portugueses eram os mais soberbos do mundo. A consequência deste fenômeno, invariável, onde houve rápida prosperidade, aparecia na aristocracia decaída em atitudes semelhantes à que inspirava o operetista. Mendigavam os nobres em torno do rei, com a arrogância própria do ofício, olhos fitos nas liberalidades do amo que lhes permitiriam melhorar de condição.

A nobreza também encontrava meios de subsistência no clero. Pertenciam-lhe de praxe as abadias, bispados e cardinalatos. A Igreja assumira desde séculos caráter essencialmente político, e era natural que estivesse ligada à casta superior. Tinha ainda o clero outra missão mais humana. Representava não só parte da classe intelectual, como o elemento moderador do poder absoluto, atuando sobre o rei da infância à morte, atenuando pendores, coibindo impulsos.

Em Portugal, o clero fora propugnador dos movimentos que asseguravam a independência do país (mestrados militares), as navegações (propagação da fé), e educação (os mosteiros abrigavam os copistas, que antes da imprensa, espalhavam o

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