Começaria o homem a tropeçar com impossíveis, tocando a orla costal do Brasil de nordeste.
É por lá que surdem no horizonte marinho os panos tufosos das jangadas. As embarcações fragílimas combinam-se para o traço geográfico desse Norte, onde elas são únicas a indicar, com os seus largos bordejos, a peculiaridade continental. É a aprendizagem, flutuante e em fragmentos, da audácia, habilidade e firmeza de semideuses, acidentalmente pescadores. Para se livrar dos tubarões, o jangadeiro atira à popa as cabaças que distraem o peixe, carniceiro e marruaz, às focinhadas com o flutuador; perdidas as linhas coincidentes da terra, guiam-no sem intermédio de um retículo ou limbo do mais simples instrumento, o setestrelo, o Cruzeiro e as três Marias... É a pilotagem arguciosa, experiente e singela dos primeiros navegadores escandinavos ou normandos no século das hélices e turbinas. Alencar e Juvenal Galeno não poetizaram bastante esses gaivotões da costa setentrional brasileira. O jagunço é a expresssão da terra, como o jangadeiro o é do mar. Pena foi que Hugo e Goethe não os conhecessem, dariam mais umas estrofes para os poemas divinizadores da luta entre a natureza e o homem.