Rumos e Perspectivas

páginas de sonho e artigos de solicitação e de enfado...

A sociedade brasileira mereceu o homem que se lhe apresentou no momento. Em pouco mais de oito anos de governo de Dom Pedro, ela lhe ofereceu os problemas políticos os mais graves, decompostos nas dificuldades da administração interna e nas exigências e complicações da paz externa. A crise tomou nomes e afetou especializações de desastre: a desvalorização de meio circulante e o cancro do corso, a intervenção inglesa e o empobrecimento das minas, as efervescências parlamentares e as intrigas maçônicas, a sucessão em Portugal e a revolução de Pernambuco — uma só crise, afinal de contas, a do Trono, assoberbado por todas as questões, muitas das quais não eram totalmente novas, na sociedade capaz de propô-las e incapaz de resolvê-las. O imperador agitou-se. Não foi perfeito. Comprometeram-no virulências de caráter e veemências de ternura, sendo a certos respeitos tão culpada a sociedade quanto a natureza descompassada do príncipe. Ele não se conteve dentro das elasticidades com que o brindaram... Em desacordo ou na linha das opiniões vencedoras, o primeiro imperador nunca foi entretanto inerte ou flácido. A cultura popular ante a espécie dos bobalhões