Rumos e Perspectivas

aspirando e compreendendo-lhes a forma, o perfume e a cor...

A ave das alturas enlanguesce no baixo. A soberba da natureza altívola e honesta de Euclides da Cunha arrepelava-se no terreiro dos sapos-cururus e galináceos de roda — a fauna doméstica da inveja e da intriga, literárias ou não. A 1 de julho de 1908, demorando-nos em Paris, escrevia ele estas linhas de desabafo: "É o eterno meio irrespirável e aborrecido que conheces. Prolonga o mais que puderes a tua estada aí. Estás vivendo. Aqui... Mas já estou fatigado de farpear estes mestiços que me rodeiam. Anseio por outro mergulho no deserto. O deserto é para mim o Brasil, o verdadeiro Brasil ainda indene, ainda não ocupado por uma gente que não o merece. Mas não sei quando terei a ventura de ver-me outra vez na sociedade feliz dos rios, das constelações e das montanhas. Mais ditoso és tu — aí — nesse deslumbramento, entre os fulgores da civilização. Demora-te o mais que puderes, aí, meu Alberto Rangel. Do seio ossudo desta madrasta cínica invejo-te! E me manda notícias tuas. Não estranhes os longos intervalos das minhas cartas. Não tenho assunto; nada sei do que me anda à roda. Fecho obstinadamente os olhos às cousas desta terra. Abro-te nas páginas