ondas tão desabridas. Uma rajada viva de sudoeste imprime-lhe as crispações ensofregadas de um mar — e que mar! Um mar entre barrancos em que as vagas desencadeadas se desatam em corredeiras impetuosas de torrentes... Felizmente resistiram galhardamente os meus navios. É que dentro deles está a 'fortuna de César'. Realmente, creio tanto no meu destino de bandeirante que levo esta carta de prego para o desconhecido com o coração ligeiro. Tenho a crença largamente metafísica de que a nossa vida é sempre garantida por um ideal, uma aspiração superior a realizar-se. E eu tenho tanto que escrever ainda..." São palavras ardentes, mas de outro tom, pois que, embebidas de esperança, cantam vitória, fumegam e roncam nas linhas de batalha.
Euclides da Cunha enviou-as quando se aprestava a inquirir com os delegados da Bolívia sobre a fonte do Purus, e, por ordem do barão do Rio Branco, ia prendê-la no elipsoide terrestre às coordenadas necessárias. A missão que reclamava a arte do geodesista, e as resistências de um vaqueiro nortista, exigia saber e coragem aliados à perseverança de um antigo capitão de bandeira. Nada mais próprio do alvo e mortificações com que costumava sonhar a sua alma: entrar pelo sertão adentro e cravar