preferências de qualidade suspeita, não se deixou cegar pelo dinheiro, não cheirava a Influência, nem se genuflexava ante o Poder. A independência agiganta — é a tradução verdadeira daquele apótema do norueguês. E seria por isso que, quem via pela primeira vez a pessoa do escritor, se desconcertava, esperando infalivelmente uma estatura maior.
O físico de Euclides da Cunha tinha a vulgaridade mamaluca da nossa humilde e boa caipiragem. Porque não praticava nenhuma lei de Brummel, mas lhe aparecia a insignificância do caboclo magrizela de fonte escampa e arcadas zigomáticas saltadas, onde os olhos brilhavam com reverberos de incêndio à beira-d'água e à noite.
Costumava vestir o casaco, na confusa insipidez do índio que o vestisse pela primeira vez. Um botão do colarinho se punha a fugir da casa, na indisciplina boêmia da cabeça óssea. A gravata tombava na tira sombria, em laço frouxo, banalíssimo, do mais torto traspasse e uma das bandas do colete não se sotopunha às vezes devidamente à outra. A figura não era efetivamente um figurino. Não tinha, contudo, o aspecto incômodo dos destratados que envergonham, dos cambaios e relaxados que irritam. Nem imundície, nem trapejos.