O contato entre indivíduos ou grupos de culturas diferentes leva à comparação recíproca de que podem resultar conflitos mentais nos indivíduos. Manifestações comuns oriundas de situações de conflito, são, pelo menos nos Estados Unidos, suicídio e criminalidade entre os imigrantes. Trata-se, porém, de fenômenos atípicos. Parece preferível estudar os conflitos através de uma manifestação típica que é o ressentimento social. O ressentimento é uma consequência da situação marginal do indivíduo ou grupo que se acha na divisa de duas raças ou culturas sem pertencer, realmente, a nenhuma delas. O imigrante mal assimilado, no Brasil, é um homem marginal no sentido cultural, embora o fator racial tenha certas influências. Como crise da vida afetiva, a marginalidade produz sentimentos de inferioridade e daí deriva o ressentimento social muito pronunciado em inúmeros descendentes de imigrantes alemães, com relação tanto aos luso-brasileiros como, também, aos imigrantes recentes.
A marginalidade carateriza-se pela ambivalência das atitudes em relação às duas culturas com que o imigrante ou seu descendente está em contato. No caso brasileiro, a ambivalência do imigrante, a sua hesitação e vacilação entre a cultura germânica e cultura brasileira, somente se compreende em função das atitudes ambíguas que parte da população brasileira de antiga estirpe, revela em face da imigração estrangeira. A ambivalência dos teuto-brasileiros aparece, com a maior nitidez, em numerosas publicações onde se tenciona