linhas gerais de uma política para seu saneamento financeiro. No entanto, foi a Missão Klein and Sakes, contratada no segundo semestre de 1954, que marcou o começo da aplicação concreta de um esquema ortodoxo de estabilização.
O esquema partia da ideia de que as emissões monetárias representam o centro nervoso de todas as inflações, resumindo-se o problema em adequar o acréscimo dos meios de pagamento ao incremento do Produto Nacional Bruto (PNB), sendo necessário para isso terminar com o deficit orçamentário, principal gerador das emissões, controlar o crédito através de tetos e aumentar a taxa de redescontos, constituindo a contenção salarial complementação normal dessas medidas. O efeito da aplicação de tais providências foi que o aumento dos preços caiu de 80%, em 1955, para 38% em 1956 e 17% em 1957. Por outro lado, o PNB tomando-se 1955 = 100, passou para 103,1 em 1956, para 98,2 em 1957 e 96,4 em 1958; e a produção manufatureira, ainda em 1955 = 100, baixou para 92,1 em 1956, para 87,7 em 1957 e 84,0 em 1958, sem falar no ônus imposto aos assalariados, cujas remunerações, antes garantidas por escala móvel de salários, passaram a ser reajustadas em percentagens inferiores à elevação do custo de vida. A conclusão tirada foi a de que a diminuição do ritmo da inflação se fez mediante o sacrifício do desenvolvimento.
No Brasil, em 1958, também após a visita de uma Missão do Fundo Monetário Internacional, surgiu um Programa de Estabilização Monetária, que não chegou a ser aplicado. A situação se apresentava com o crescimento do Produto Nacional Bruto numa media de 5%, enquanto que os meios de pagamento se expandiam a um ritmo de 20% e os preços cresciam em média anual de 15%, o que parecia comprovar a validade da teoria quantitativa da moeda. A proposta consistia na redução da taxa de incremento dos meios de pagamento ao equivalente da expansão do PNB, ou seja, 5%. Os instrumentos propostos para esse fim consistiam na restrição das emissões mediante supressão do deficit orçamentário, adoção de tetos de crédito etc. Havia, no entanto, alguma originalidade no esquema em relação aos remédios clássicos da contenção, como o aumento da taxa de redesconto e elevação dos depósitos obrigatórios. Em relação aos salários, por motivos políticos, condicionava-se o reajustamento proporcional ao custo de vida.
Tratava-se, como se vê, de aplicação, aos países subdesenvolvidos, de tipo de análise e instrumento de política econômica válidos apenas para os países maduros. Daí a reação provocada.
Prebish, em Relatório da CEPAL, escrevia que as condições subjacentes a inflação em países pouco desenvolvidos se encontram