História do pensamento econômico no Brasil

nos problemas básicos do desenvolvimento econômico, nas características estruturais que apresenta o sistema produtivo desses países. Surgia assim a teoria estruturalista chilena, que apontava estes quatro fatores como básicos da inflação do Chile: 1. estagnação da oferta de alimentos, provocando seu aumento de preço; 2. inelasticidade e oscilação da capacidade de importar, pela dependência da exportação de um só produto, provocando disponibilidade de divisas inferior às necessidades para atender ao desenvolvimento; 3. baixa taxa de formação de capital, aspecto clássico das economias subdesenvolvidas e 4. rigidez, instabilidade e regressividade do sistema fiscal, pois, dependendo a receita basicamente das exportações, sua queda dificilmente poderia ser compensada pelo aumento de impostos, recorrendo-se então às emissões. A incidência regressiva do aumento de impostos provocaria reações de aumento salarial das classes de renda baixa.

O estruturalismo, nascido da experiência chilena, tem dois motivos para ser tentado: porque os erros supostamente cometidos naquele país poderiam ocorrer em outras partes, por resultarem de concepções de organismo internacional da importância do FMI; e para que a linha surgida no Chile possa aspirar à dignidade de teoria, precisava ter validade geral para os subdesenvolvidos.

O fulcro de divergências entre os professores Eugênio Gudin e João Paulo de Almeida Magalhães está exposto em carta recente, que a seguir transcrevemos:

"Acredito que as divergências básicas giraram em torno de três pontos:

a) Possibilidade de estabelecer como objetivo de uma política de desenvolvimento a eliminação do atraso econômico;

b) Significado da inflação no desenvolvimento;

c) Aceitabilidades de uma indústria de altos custos, mesmo que estes continuassem indefinidamente mais altos que os observados em países desenvolvidos."

Gudin baseava seu raciocínio num modelo ortodoxo de tipo keynesiano. Neste se considerava que o limite superior ao crescimento era dado pelo pleno emprego da mão-de-obra, e que um surto inflacionário era prova absoluta da existência de pleno emprego. Daí tirava as três consequências seguintes sobre os pontos suprarreferidos:

"a) Num país inflacionário como o Brasil, a situação de pleno emprego é evidente. E uma política exequível, e que maximiza o crescimento, é manter o PIB no nível de pleno emprego. Falar-se em eliminação do atraso carece de qualquer sentido.

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