História do pensamento econômico no Brasil

Fisiocratismo

A Renascença, e sua imensa repercussão em todas as atividades humanas e científicas, assinala uma ruptura histórica de transcendental importância, como dissemos antes. O seu fim marca o período de transição do capitalismo comercial ao industrial e se caracteriza pelo aparecimento de três correntes: no campo filosófico, pelo evolver do pensamento político, desde sua origem canônica ao radicalismo; no econômico, pelo progresso do pensamento econômico inglês, e pelo aparecimento da economia política francesa, com o sistema fisiocrático.

Bacon estabeleceu as bases filosóficas da ciência experimental, levando ao estudo do homem e de sua comunidade o método da investigação racional das ciências naturais. Thomas Hobbes, companheiro de Bacon, abandonava o conceito do direito divino dos reis, substituindo-o pelo princípio da soberania do Estado, ao qual se deveria prestar completa obediência. Mas o Leviathan erguido por Hobbes se argamassa no interesse individual, como método, a fim de obter maiores benefícios para o homem, o que significa tratar-se de uma coação em proveito dos próprios governados. Em John Locke o interesse pessoal é a força motriz do procedimento dos homens. A formação, porém, de um corpo ordenado de átomos individuais não estava na Igreja medieval, nem no rei por direito divino, nem no Leviathan de Hobbes, mas na monarquia constitucional, restringindo-se a liberdade só para conservá-la, devendo a propriedade ser adquirida pelo trabalho e pela razão, com a segurança que o Estado lhe pudesse dar.(38) Nota do Autor

Estas transformações do pensamento filosófico, sobretudo na Inglaterra, decorriam da mudança do seu poderio econômico.

Em fins do século XVII já possuía a Inglaterra uma indústria têxtil que lhe permitia exportação bastante volumosa. Desenvolvia-se igualmente a produção mineira, com a fabricação de ferro fundido, mediante emprego da hulha, propiciando novo impulso à produção de metais, embora não existisse ainda a produção mecanizada. Seu auge industrial vinha acompanhado de condições favoráveis no comércio exterior. Depois da vitória sobre a Espanha, em 1588, com a destruição da esquadra espanhola, novas perspectivas se abriram, ao comércio inglês, agora com vantagens para sobrepujar os Países Baixos e a França. Das operações de exportação para espoliar as colônias, participavam não só os comerciantes como igualmente a alta aristocracia feudal.

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