principalmente a partir do presente século. Embora tenha havido homens reclamando-se do socialismo, anteriormente, foi somente em 1922 que se fundou aqui um partido declaradamente marxista. Padecendo, no entanto, de enorme pobreza teórica, sua influência foi quase nula no domínio criador, apesar de ter suscitado de maneira firme algumas questões, como a agrária e a da exploração imperialista.(1) Nota do Autor É que o marxismo surgiu na Europa em meados do século passado, contrapondo-se ao capitalismo, fenômeno então, essencialmente europeu, não se preocupando, por isso, com a periferia, ou seja, as áreas coloniais e dependentes, a não ser acidentalmente, en passant, em casos como os da Irlanda ou Índia. Do colonialismo, foi o leninismo que mais tarde se ocupou, como componente da estratégia da revolução mundial em cogitação, objetivando golpear o imperialismo em suas bases mais vulneráveis. Contudo, maior atenção foi dada às nações da Ásia, África e Oriente Médio, relegando-se a América Latina a segundo plano e sendo sempre encarada globalizadamente, sem consideração pelas suas peculiaridades.
Tudo isso retardou a contribuição marxista ao estudo da problemática brasileira no campo econômico, o que veio a verificar-se unicamente após a Segunda Guerra Mundial, porém, ainda assim, de modo bem incipiente, chegando a confundir-se, em muitos momentos, com as aspirações da burguesia em seus anseios de crescimento e independência nacional. Entretanto, houve contribuições individuais apreciáveis, que não podem ser menosprezadas.
Depois do fascismo ter assumido o poder na Itália (seguido posteriormente do nazismo na Alemanha e do militarismo no Japão), como movimento tipicamente direitista, consequência do desespero e desorientação da classe média, no contexto da crise do primeiro pós-guerra, fundou-se entre nós a Ação Integralista Brasileira, baseada no modelo corporativista italiano. Seu programa, grandiloquente e ambíguo, opunha-se simultaneamente ao comunismo e à democracia liberal, pregando um regime autoritário. Segundo Plínio Salgado, seu fundador, o ideal a ser incutido no povo brasileiro era o do nacionalismo, impondo, no interior, a ordem e a disciplina e, no exterior, a nossa hegemonia na América do Sul. O Estado devia ser ao mesmo tempo econômico, financeiro, representativo e cultural. Pretendia transformar o capitalismo liberal clássico em capitalismo social e nacional, controlado pelo Estado.(2) Nota do Autor