Viagem ao Araguaia

roteiro de sua viagem até o Pará pelos rios Vermelho, Araguaia e Tocantins, que se vê impresso na Revista do Instituto Histórico Brasileiro, 2ª série, tomo IV, ano de 1849, p. 401.

As campinas são aqui mais vastas, mais planas, menos interrompidas de capões; as margens do rio Ferreiro são cobertas de matas e a caça aí é muita. Soube que uma boa fazenda havia sido abandonada, pelo imenso estrago que nela faziam as onças.

Vimos hoje maior número de gado nas campinas, de melhor qualidade, ou, pelo menos, muito mais bem-nutrido. Meio quarto de légua acima do lugar em que estamos, existe o sítio do crioulo Manoel Alves, que dá nome a este lugar. Este homem é digno de ser mencionado, pelos sentimentos de filantropia que o caracterizam. Tem, reunidos em sua pequena situação, velhos e velhas sem recursos, a quem ele sustenta à sua custa, sem outra força mais que a de seus braços.

Estamos à margem do rio Manoel Alves. Como nos dias antecedentes, nosso acampamento compõe-se de barracas. O sítio é deserto; a caça parece ser abundante: além de outras, matei um soberbo mutum.

§ 4º — Quarto dia — Aspecto do terreno — Ponto de vista majestoso antes de Santa Rita — Minerais da serra do Acaba-saco — Santa Rita — Criação de gado — População.

Levantamos nossas barracas às 9h15 da manhã e chegamos à povoação de Santa Rita por volta das 4h da tarde.

Atravessamos diversos leitos de rios, ou inteiramente secos, ou empoçados e sem correnteza alguma. O rio do Peixe, que dista cerca de meia légua do pouso de ontem, trazia algumas águas; observei numerosos bandos de peixes em alguns poços, aos quais desci para os examinar.