Viagem ao Araguaia

O extinto porto de Santa Rita é um rochedo sobre o qual batem perpendicularmente as águas do rio, para se escoarem depois para o lado do norte: é hoje uma velha tapera, e do grande armazém que aí houve, dos botes que flutuavam sobre as águas verdecentes do rio, existe apenas a memória. A não ser estar o mato, nesse sítio, mais batido, mais entrançado de urzes e vimes, que sempre crescem nos lugares abandonados pelo homem, nenhum outro vestígio existe dessa antiga habitação.

Este rio é abundante em pescado: distinguem-se, como mais famosas entre as espécies de peixes, a matrinxã, o piau, o pintado, o barbado, o chicote, tubaranas, voadeiras e pacuaçu.

Parece ser aurífero.

Num dos solapões, notei cascalho bem-configurado e em tudo semelhante ao do Jequitinhonha, pelo que é provável que seja também diamantino.

No tempo das águas, suas margens alagam-se em grandes distâncias, pelo que as matas, que se cobrem, são estreitas, rarefeitas e de má qualidade.

Os campos adjacentes oferecem o aspecto do que em Minas chamam tabuleiros, isto é, cobertos de árvores de vegetação enfezada entremeadas de capim.

As águas não são aí abundantes no tempo da seca, sendo excessivas no tempo das chuvas.

A caça é muita: compõe-se de antas, veados, pacas, perdizes, patos selvagens e toda sorte de papagaios.

As areias compõem-se de silício, quartzo, fragmentos de carbonatos e sulfuretos de ferro, alguns ocres etc.

As aves aquáticas, o jaburu e diversas espécies de socós povoam constantemente essas paragens.

Empregamo-nos, do meio-dia para a tarde, em pescar e conseguimos, em poucos lanços, peixe em quantidade