Viagem ao Araguaia

feito uma marcha longa, que nos obrigou a chegar ali depois de uma hora de noite fechada; apesar da escassez de água, nossa cavalhada apresentava, na manhã seguinte, todos os sinais de animação. Correndo com o pescoço elevado, cavando a terra com as patas dianteiras, dando saltos e relinchando, os animais, que até então vinham cabisbaixos e a poder de esporas, deram-nos não pequeno incômodo para os segurarmos.

Existem, é verdade, nas margens do Araguaia, algumas febres intermitentes; mas é de notar-se que não me consta que um só indivíduo as houvesse apanhado no rio.

Em Leopoldina, delas foram acometidos, há anos, os que frequentaram a foz do rio Vermelho.

Mesmo assim, foram brandas, tanto que, desde a fundação do Presídio até hoje, ainda não morreu uma só pessoa.

Como centro comercial, não possuímos na província, posso dizer mesmo no Império, outro mais considerável.

Para o Pará, estende-se a navegação por perto de 500 léguas; para o sul, ela pode ir desde já ao Rio Grande e, num futuro não muito remoto, a comunicação pode estabelecer-se até o Taquari (40 léguas de terra) e do Taquari, onde já existe navegação criada, até o Oceano.

Sendo o Araguaia confluente do Tocantins, fica, por meio deste último rio, comunicado todo o norte da província, que jaz ao nascente da cordilheira.

Finalmente, quando o ponto não for deserto, aí está o rio das Mortes (dos Araés), oferecendo uma majestosa navegação.

Se, conforme eu disse acima, as condições administrativas resumem-se em meios de ação, considere o leitor quais não serão os do governo que se vir no centro dessas grandiosas e fáceis vias de comunicação.