redução nos fretes de 200%, alteraria desde já a face de nossa indústria.
Alguns me perguntam: "O que se exportaria para o Pará? Por ora, pouca cousa, mas, porventura, não melhoraríamos muito, desde o momento em que obtivéssemos uma redução considerável no preço dos gêneros que importamos?" É claro que sim. Raciocinemos.
Se eu, atualmente, gasto por ano 100:000$000 em gêneros de primeira necessidade, havendo uma redução de 50% nos preços, gastarei 50, em vez de gastar 100:000$000, o que é o mesmo que lucrar e capitalizar 50:000$000.
Se a arroba de peso, importada do Rio de Janeiro, não pode ser adquirida por mim senão mediante o frete de 12$000, e se por via do Araguaia eu a obtenho por 6$000, tenho feito na minha despesa uma redução de 50%.
É o que há de acontecer, como demonstraremos no artigo que se intitula: "O Araguaia debaixo do ponto de vista commercial".
Há em economia política o seguinte axioma: reduzidos os gastos de produção, aumentam-se os produtos.
Reduzido, pois, o preço dos transportes por via do Araguaia, aumentar-se-á a nossa produção e criar-se-á a exportação, que até hoje não existe, ou é em tão pequena escala, que quase não vale a pena mencionar-se.
O leitor verá adiante demonstrado que, depois de estabelecida regularmente a navegação, o transporte da arroba não nos poderá custar mais do que 2$000; portanto, serão levados à categoria de gêneros exportáveis: o café, o algodão, o açúcar, a aguardente, o fumo, a carne seca, o couro, a sola, o trigo, gêneros estes que facilmente abundarão no Araguaia e que, até agora, são produzidos na província quase que exclusivamente para seu consumo.