que exerceram colonos e missionários portugueses sobre os aborígenes deu margem ao desenvolvimento de uma cultura predominantemente ibérica de que o catolicismo era uma das principais instituições, influenciando esse processo as novas condições do ambiente e, em particular, a estrutura socioeconômica.
A descrição da vida religiosa do caboclo deixa perceber esses dois componentes, o ibérico e o indígena, principalmente porque nessa área a fusão desses elementos culturais não resultou num sistema ou ideologia religiosa extremamente unificada ou homogênea, tal como sucedeu em outras regiões da América. A integração dos elementos religiosos processou-se de modo desigual e por etapas que dependeram de fatores diversos, porém específicos ao ambiente amazônico, ou seja, os recursos econômicos da floresta tropical, a organização das sociedades tribais, as técnicas primitivas de exploração do meio, a influência dos missionários, o caráter do catolicismo ibérico em confronto com a ideologia do aborígene e, finalmente, as características da sociedade mestiça de índios e brancos que emergiu e se desenvolveu na atual sociedade rural contemporânea.
Forças econômicas e sociais que penetraram no vale, vindas de fora, produziram mudanças no passado e continuam a operar no presente. As instituições religiosas das pequenas comunidades sofreram igualmente a influência desses agentes, tal como o resto da cultura.
Nas zonas rurais da Amazônia, como em todo o Brasil, observa-se a tendência para acentuar-se uma forma mais estrita e ortodoxa de catolicismo. À medida que as áreas rurais estreitam suas ligações com os centros urbanos, a hierarquia eclesiástica assume mais efetivamente o controle e a direção da vida religiosa. Extinguindo-se ou modificando-se as condições peculiares à vida rural, muitas crenças locais perdem sua função