Santos e viagens: um estudo da vida religiosa de Itá, Amazonas

CAPÍTULO VI

Mudanças na vida religiosa

O ambiente geográfico, as técnicas de sua exploração pelo homem, o forte contingente ameríndio, cultural e biológico, emprestaram à Amazônia uma feição muito característica. Dificuldades de comunicações com as demais regiões do país têm desde os tempos coloniais imprimido certa condição de marginalidade a essa grande área. O caboclo, produto de mestiçagem luso-índia, predomina e é mais peculiar à Amazônia que a outras regiões do Brasil, onde outros elementos povoadores, africanos e europeus de origem não portuguesa, embora também se misturando ao índio e ao português, deixaram mais vivos os traços de sua influência, fosse no tipo físico, fosse na formação da cultura regional.

A dominância do caboclo tem levado a estereótipos que caricaturam o moderno habitante da Amazônia como índio ou atribuem à cultura regional uma qualidade de "indígena". Não obstante o caboclo revelar em sua pele amorenada, nos cabelos pretos e lisos, nos olhos rasgados, no seu tipo baixo e troncudo uma ascendência indígena próxima, ele não se considera índio e tampouco seus hábitos podem ser identificados aos do aborígene. O caboclo não tem orgulho ou vergonha do ancestral que habitava as malocas, simplesmente ignora ou não se preocupa com esse fato. Somente entre as chamadas elites de alguns centros urbanos maiores, a

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