Santos e viagens: um estudo da vida religiosa de Itá, Amazonas

exemplo, Manaus, há uma tendência para valorizar o ancestral e as tradições tapuias.

Os índios tribais que ainda hoje existem na Amazônia estão localizados no alto dos rios, em áreas distantes e de acesso difícil. Em sua maioria, não participam, senão esporadicamente, da vida local ou nacional e vivem sob a tutela de uma instituição federal, o Serviço de Proteção aos Índios. A cultura dessas sociedades tribais dificilmente influenciará, no sentido de contribuir com elementos novos, o modo de vida do caboclo, principalmente porque seus traços culturais mais passíveis de adaptação já de há muito foram assimilados pelo mestiço luso-índio, que os tomou de culturas indígenas hoje extintas. Entretanto, em certas regiões, assim a do rio Negro, onde ainda se concentram muitas tribos, a presença do índio e a sua gradual passagem para a sociedade cabocla contribuem para avivar as tradições indígenas na cultura do brasileiro e assim acentuar a fisionomia regional. A região do rio Negro oferece, aliás, uma das melhores ilustrações do processo de integração de duas culturas em uma tradição regional. Desde meado do século XVII os portugueses se estabeleceram em suas margens, fazendo recuar a população indígena mais rebelde e trazendo para as vilas e missões o elemento mais dócil. O "descimento" de índios era o processo de conseguir braços para o trabalho. A "língua-geral" foi introduzida como língua franca, e domina até o presente entre os caboclos. Os índios dos rios Içana, Uaupés e afluentes são ainda hoje atraídos pelos comerciantes, que periodicamente visitam as aldeias e retornam com grupos de dez até 30 índios para o trabalho nos seringais ou para o corte de piaçaba. Parte desses índios consegue voltar a suas aldeias, os restantes, presos aos "patrões" por

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