com a chegada dos europeus no século XVII. Nesse contínuo histórico, distinguem-se períodos marcados por desenvolvimentos cruciais. E cada uma dessas etapas teve seu efeito distintivo no presente. Conquanto a continuidade do processo histórico não permita uma demarcação exata entre um período e outro, as características peculiares a cada um desses estágios de desenvolvimento podem ser definidas em termos de datas que os englobam. Esses estágios ou períodos indicam os fatores diferenciais que, no tempo, contribuíram para formar a cultura cabocla contemporânea e o sistema religioso, um aspecto dessa cultura.
O primeiro período, o da expansão portuguesa, mais ou menos entre 1620 e 1759, é marcado pelo estabelecimento das missões; a introdução do catolicismo entre os povos nativos; a tentativa de supressão da religião indígena; a difusão do tupi-guarani como língua-geral; e a substituição de numerosos padrões culturais indígenas por outros europeus, o que se fez sob a vigilância e orientação de missionários jesuítas e de colonos. A catequese, os descimentos, resgates e guerras justas abalaram as sociedades nativas e favoreceram o processo de desculturação do indígena, isto é, a perda de elementos aborígenes, e o de aculturação, ou seja, a aquisição de elementos europeus. Os colonos, por seu lado, adotaram as técnicas de agricultura do índio, passaram a se utilizar de mandioca e outros alimentos dessa origem e a explorar os produtos naturais do "sertão", que os índios já conheciam e utilizavam. Uma parte desse processo de amalgamação de culturas foi a mudança fundamental que as sociedades indígenas sofreram sob a dominação dos europeus - a economia de subsistência desenvolvida pelas sociedades tribais foi modificada para uma economia de produção para um mercado externo. Juntamente com o impacto da