e a cultura regional. O índio, como escravo ou trabalhador, foi retirado de suas aldeias tribais e transplantado para as vilas, fundadas sobre padrões portugueses. A integração do indígena na sociedade colonial processou-se mais pela adição de uma camada social inferior de escravos e trabalhadores do que pela inclusão de uma minoria étnica subjugada. Escravos africanos, cuja influência cultural e racial é tão marcante nas regiões de plantação, na Amazônia foram importados em número extremamente pequeno. Não eram apenas onerosos para uma área de pequeno desenvolvimento agrícola, como de fato o índio os substituía com vantagem no tipo de exploração econômica que aí predominava. A cultura regional amazônica não demonstra por isso influência africana tão marcante como em outras áreas brasileiras.
O ambiente geográfico, contudo, por si só não foi o fator que moldou a cultura cabocla. Esse ambiente permanece como uma constante de condições físicas, as quais as populações aborígenes se tinham adaptado, desenvolvendo uma tecnologia e uma organização social próprias, que antecederam a dominação lusitana. Os portugueses, no seu esforço de se ambientar a esse meio, utilizaram-se em muitos setores das técnicas adaptativas desenvolvidas pelo índio. Ao mesmo tempo, trouxeram um equipamento tecnológico próprio, um sistema de governo e de estrutura social, e uma nova configuração de valores sociais, religiosos e outros que impuseram ao gentio. O ambiente geográfico precisa ser encarado não como uma constante, mas como uma variável, cujas limitações dependem do nível tecnológico e dos objetivos sociais da comunidade que nele se fixa.
A formação da cultura cabocla da Amazônia foi um processo contínuo, que teve seu ponto de partida