Em 1940, com o advento da Segunda Guerra Mundial, repete-se em escala reduzida nova corrida para a coleta de borracha. O Governo Federal passa a se interessar pelo desenvolvimento da Amazônia e inaugura-se um período de progresso tecnológico e de planejamento científico para mudança das condições de vida do caboclo. Programas, como os elaborados pelo Serviço Especial de Saúde, pelo Instituto Agronômico do Norte e outras instituições federais ou estaduais, atualmente reunidos no plano mais amplo da Valorização Econômica da Amazônia, foram postos em prática. Tais programas, embora a improvisação e a solução de continuidade que se faz sentir em alguns setores, têm, pelo menos em potencial, capacidade de afetar e modificar a cultura regional do caboclo. A introdução e divulgação de explicações científicas sobre as doenças, a facilidade de acesso aos médicos e a medicamentos dos postos de saúde, a extirpação de endemias terão influências sobre práticas populares como a pajelança, que objetiva a cura de doenças. A integração de práticas religiosas e de medicina, típica da cultura do caboclo, tende a se alterar. E da mesma forma outros aspectos da vida religiosa, como aqueles ligados diretamente ao ambiente. Melhorando as comunicações com os grandes centros urbanos, a Igreja católica, sem dúvida, estenderá sua influência e fará todo o esforço para suplantar forma popular de religião.
Essas etapas históricas se verificaram nas comunidades situadas ao longo do rio Amazonas e seus afluentes principais. Nas áreas mais isoladas, como no alto curso dos rios Tapajós, Xingu, Negro e outros, somente agora está se fazendo sentir o impacto de alguns desses fatores que mencionamos na descrição dos diferentes períodos. Os índios tribais que habitam essas paragens mais distantes ainda não participam plenamente da