As elites de cor: um estudo de ascensão social

Na Bahia, o processo de integração, numa sociedade multirracial, de uma massa de ex-escravos de tipos raciais variados e diferentes de seus antigos senhores, está bem adentado.

Resta saber, porém, se a Bahia, e também o resto do Brasil, conseguirão manter esta inestimável herança, isto é o seu sistema de relações raciais, diante das novas condições sociais que inevitavelmente serão criadas pela industrialização e pelo desenvolvimento do país. A industrialização e, ao mesmo tempo, inovações no sistema educacional certamente modificarão a sociedade baiana. Não concordo com a opinião de que mudanças dessa ordem inevitavelmente acarretem competição e tensões entre os vários grupos raciais, simplesmente porque a tensão racial tem sido muitas vezes observada em países grandemente industrializados. Os baianos, todavia, devem estar prevenidos dos perigos que podem acompanhar a mudança de uma sociedade semifeudal e patriarcal, cujo sistema de relações humanas é mantido em bases pessoais e na qual as classes vivem conscientes de suas obrigações, para uma sociedade industrializada na qual as relações humanas se tornam impessoais e são determinadas por motivações econômicas. Tanto a Bahia como o Brasil em geral terão de adquirir novos conhecimentos de outras regiões do mundo para estimular o seu progresso material, e há muito, no campo das relações humanas, o que aprender de outros povos, mas ao mesmo tempo devem procurar preservar as suas tradições caracteristicamente brasileiras, das quais o resto do mundo terá bastante

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