em melhorar a sua posição social, educacional e econômica por seus próprios esforços. As barreiras que dificultam a ascensão social em tais casos, mesmo sob circunstâncias relativamente favoráveis como as da Bahia, inevitavelmente nos fazem refletir sobre a situação das populações de cor na África do Sul, nos Estados Unidos, nas colônias europeias e em outras partes do mundo onde as barreiras são mais numerosas e mais resistentes.
Não resta dúvida, lendo o trabalho de Thales de Azevedo, que na Bahia o tipo racial de um indivíduo, ou melhor a sua aparência física, constitui apenas um dos critérios na avaliação das qualidades e merecimentos do homem de cor pelo seu conterrâneo. A profissão, o padrão de vida, a educação, a família e a participação na sociedade constituem, com o tipo racial, os fatores que determinam a classificação na hierarquia social baiana. Apesar das desvantagens do seu tipo racial, é perfeitamente possível ao homem de cor subir de posição social, se modificar a sua situação econômica, a sua educação, a sua profissão, e ainda através do matrimônio ou pelo mecanismo do sistema de padrinhos e madrinhas, muitas vezes escolhidos entre pessoas pertencentes às classes mais altas. A ascensão social dos indivíduos de cor é, portanto, realizável e, como nos mostra este trabalho, um fenômeno que já teve lugar no passado e continua a ocorrer com maior frequência nos dias presentes. O atual sistema social da Bahia nos faz acreditar que naquela sociedade foi encontrada uma solução praticável para o problema que assola grandes regiões do mundo moderno.