PREFÁCIO
A Bahia, velha e histórica cidade brasileira, ainda preserva muito de suas antigas tradições. Suas igrejas, suas ruas estreitas, suas casas de estilo colonial, o aspecto dos seus mercados, a indumentária das "baianas" vendedoras de doces ou acarajés, a hospitalidade com que acolhe a família baiana, o ar simpático e as maneiras finas de sua gente na rua e outros aspectos dessa bela cidade têm atraído numerosos escritores tanto nacionais como estrangeiros. Jornalistas a têm descrito, historiadores estudam-na há muito e antropologistas, interessados especialmente pela persistência de padrões culturais africanos, a escolheram como centro para as suas pesquisas. Entre os últimos, Nina Rodrigues, Artur Ramos, Edison Carneiro, Ruth Landis, Melville J. Herskovits, Roger Bastide, Donald Pierson e outros estudaram os "candomblés" da Bahia e a contribuição do negro à vida baiana.
Entretanto, um dos aspectos mais interessantes dessa cidade é a composição multirracial da sua população e o fato de que, num meio tradicional, indivíduos de diversas raças e de variegados tipos físicos vivem essencialmente em harmonia, sem muitas das discórdias e frustrações que caracterizam as relações inter-raciais em outras partes do mundo. Parece até que o ideal brasileiro de democracia racial em nenhuma parte se realiza como