em sua dimensão histórica. Evitei, porém, fazer uma história do problema.
Toda a tarefa foi, de certo modo, dificultada pela escassez de estudos antropológicos e sociológicos sobre a sociedade baiana. A nossa cidade tem sido estudada, particularmente nos últimos cinco anos, sob o aspecto histórico; em referência à população de cor encontram-se vários estudos sobre o tráfico negreiro, sobre antropometria e particularmente sobre aculturação e sobrevivências culturais de procedência africana, mas, como assinalou Pierson em sua obra tantas vezes citada nesta monografia, nada ou quase nada existe sobre os problemas de conflito e de acomodação inter-racial. O livro desse autorizado cientista social, é realmente o primeiro e, até hoje, o único em que as relações inter-raciais na Bahia são analisadas pelos modernos métodos sociológicos. Outra falha que torna precária a interpretação das opiniões e atitudes dos indivíduos e grupos de cor é a falta de estudos de psicologia social, bem como descrições e análises da cultura baiana e do seu ethos, muito embora se possam encontrar indicações sobre esses temas, esparsas em vários trabalhos de autores nacionais e estrangeiros. Alguns desses trabalhos são, contudo, generalizações baseadas em impressões ou opiniões dos seus autores.
Por todas estas e outras razões, não pretendo de modo algum haver feito trabalho completo ou definitivo sobre o complexo problema da mobilidade social vertical dos baianos de cor. Acima de tudo procurei ser objetivo, apresentando os problemas com espírito científico, evitando, tanto quanto possível, os preconceitos etnocêntricos