narrados no texto são anteriores a 1952, a não ser quando expressamente indicada uma data posterior.
Se nas páginas deste estudo puder ser identificada alguma pessoa, mencionada por sua destacada atuação na sociedade baiana; atribua-se aquilo unicamente ao espírito científico com que foi feito o mesmo trabalho. Omitir qualquer caso importante de ascensão social ou de projeção intelectual, artística, política, importaria em sacrificar a exatidão com que procurei descrever e analisar a dinâmica social da Bahia, e até poderia representar uma injustiça para com algum dos que triunfaram das dificuldades acaso atribuíveis ao seu tipo físico e que foram reconhecidos em nosso meio em virtude dos seus merecimentos. Penso que, por sua natureza e pelos riscos de que se venha a modificar para pior o que não tem nada de impossível nem de remoto se não estivermos vigilantes, a situação racial brasileira, na Bahia como em São Paulo ou em qualquer outra parte, deve ser tratada com objetividade para que possa ser compreendida no que tem de bom e de mau e, assim compreendida, seja preservada e aperfeiçoada. Não acredito que o tratamento científico do problema possa agravá-lo e muito menos deva molestar àquele envolvidos no mesmo e que seriam os mais prejudicados se a situação, por desconhecimento da realidade em todos os seus aspectos, viesse a mudar, por pouco que fosse, em sentido negativo.
Creio mesmo necessário que a sociedade baiana, ou pelo menos os orientadores da educação, da política, das relações humanas em todos os setores de atividade e particularmente os antropólogos e sociólogos, que estudam a sua cultura, conheçam bem como o problema das relações inter-raciais se processa na Bahia e no resto do Brasil para que possam colaborar para que a nossa terra possa sempre ser apontada como uma daquelas raras, em todo o mundo hodierno, em que pessoas de origens étnicas diferentes convivem de modo bastante satisfatório sem embargo da diversidade e até do contraste entre seus tipos físicos.
Agosto de 1954.
T. A.