As elites de cor: um estudo de ascensão social

pretos de maneiras ríspidas dizem que isto "são coisas de negros". Um intelectual mulato escuro sabe que, quando o querem ofender, chamam-no "aquele negro"; também um profissional preto sabe que seus adversários políticos referem-se à sua pessoa como "o negro Leonardo". E não é raro ouvir brancos e morenos reclamarem, a meia voz, contra os maus modos, as gargalhadas ou o falatório "destes negros" quando pretos e mulatos dão expansão ruidosa à sua alegria no interior dos veículos públicos, dos cinemas ou nas ruas. Todavia, "meu negro" é uma locução que exprime carinho mesmo entre brancos. Algumas vezes usa-se a palavra "negro" no diminutivo, "negrinho simpático", sem conotação depreciativa. Entretanto "nigrinha", uma forma peculiar do mesmo diminutivo, tem sentido pejorativo e injurioso, sendo aplicado a um jovem de cor que tem má reputação moral. Proceder "como uma nigrinha" equivale a comportar-se mal, especialmente do ponto de vista das atitudes para com pessoas do sexo masculino.

Nos primeiros tempos do período colonial chamavam-se "negros" aos indígenas que habitavam o país antes da sua descoberta pelos portugueses. Isso causou muita confusão entre os que estudavam a história daquele período e se interessavam em verificar a participação de indígenas e de africanos em determinados aspectos da vida brasileira; somente há poucos anos foi esclarecido o sentido em que era empregado a expressão. Uma lei portuguesa de 1755 determinava que os indígenas "não fossem chamados negros,

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