PREFÁCIO
A zona cacaueira da Bahia é a mais nova de nossas zonas de produção, e, entretanto, a mais rica. Cabem-lhe, no conjunto do país, cerca de 95% da produção total de cacau, o que nos confere o 2º lugar na estatística mundial. Tem o cacau, na economia do Estado, um papel de relevo, já que de sua cultura, direta ou indiretamente, beneficia-se o erário com muito mais de metade do seu orçamento, constituindo, por si só, o sustentáculo de sua vida econômica. As crises que o abalam - crises, aliás, muito comuns aos produtos primários - não se limitam à zona produtora, mas se refletem, indelevelmente, em todo o Estado da Bahia, cujas finanças também se regozijam com os seus períodos de bonança.
A Bahia ainda não soube compreender a riqueza que tem e como poderia multiplicá-la, se convenientemente explorada. Responsável, por isso, é, sobretudo, a desastrosa ignorância em que vivemos a propósito de tudo, ou quase tudo, que nos diz respeito.
A respeito da zona do cacau a verdade é que poucos trabalhos têm sido publicados, abordando aspectos particulares ou problemas técnicos, sem falar na literatura que a realidade de uma sociedade em estruturação oferece à imaginação dos romancistas. Faltam à zona cacaueira baiana estudos de conjunto, que a vejam e apresentem como um todo, mostrando como os elementos nela presentes agem entre si, como a terra e o homem puderam harmonizar-se na formação de uma personalidade regional bem diferenciada.