Zona do cacau: introdução ao estudo geográfico

dos troncos rolados, fazer o plantio das árvores dos frutos de ouro, certo é que, depois da primeira fase de evolução, em que os cacauicultores se valem de bananeiras e outras plantas desse porte para o sombreamento, surge a necessidade de reimplantação de uma ordem de árvores de dimensões mais altas, como que a restauração da floresta, indispensável para criação do ambiente sombrio de que o cacaueiro necessita. Gostando de calor, mas não de muita insolação, o cacau e a floresta são inseparáveis.

Não se pode, por outro lado, recusar uma palavra à formidável adaptação do cacaueiro às condições da zona tropical. Todos quantos estudam as condições de florescimento da agricultura em zona de floresta tropical são concordes em que a substituição pura e simples do espesso manto vegetal por ralas formações de culturas herbáceas, traz em consequência a rápida perda dos solos, que se deslocam por erosão, a laterização e afinal, a impossibilidade de prosseguir na atividade agrícola seja permanentemente, seja temporariamente. Teríamos que recorrer a uma agricultura itinerante, nômade, incompatível com a civilização moderna e com a procura de altos rendimentos que caracteriza a moderna técnica agrícola.

A solução, digamos verdade que empiricamente encontrada na Bahia, com o cultivo do cacaueiro, em zona de mata tropical, é solução de sabedoria, porque evidentemente ecológica, não desrespeitando os mandamentos da natureza, mas a eles se adaptando em busca de maiores rendimentos. Poder-se-ia garantir que, se em lugar do cacau aí se plantassem certas culturas europeias, seria muitas vezes maior o desgaste do solo, o seu empobrecimento e até mesmo a sua incapacidade temporária ou permanente para as tarefas agrícolas. Sabe-se que as culturas alimentares secas exigem do solo dez vezes mais que as culturas arborescentes adaptadas às condições do meio tropical.

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