O positivismo na República: notas sobre a história do positivismo no Brasil

a sua confiança no homem obscuro e despretensioso que sabia recusar postos superiores ao seu merecimento, teve a extrema generosidade de designar-me, para iniciar a minha carreira, a Legação do Brasil em Berlim. Tratava de instalar-me e havia alugado casa na Capital da Alemanha, quando inesperadamente, sem consulta prévia e sem ajuda de custa, fui transferido para Paris. Se o posto de Berlim me parecia delicado por diversos motivos, o de Paris era muito mais trabalhoso e excessivamente agitado, pois que é esta a capital da Europa, e aqui estavam vastos interesses brasileiros, constituindo dificuldades, a começar por questões de fronteiras e acabando numa numerosa e distinta colônia, de sentimentos naturalmente monárquicos, que rodeava a família imperial, respeitável, mas banida e residente em França.

De como conduzi-me em Paris durante 21 anos nada direi aqui. Fica para a posteridade o julgamento do que fiz, do que sofri e das lutas que, em defesa do Brasil e da República, sustentei com coragem, que não cessou ainda, e com altivez, probidade e honra que herdei de meus pais, que foram apenas transmissores desses sentimentos, desenvolvidos há séculos na sua ascendência, quase sempre obscura e pobre, mas invariavelmente corajosa, firme, generosa e íntegra.

Devo assinalar, entretanto, que deixo resolvida a questão da fronteira do Yapock, na qual V. Excia. prestou tantos serviços à nossa Pátria, mas cuja vitória, como já o disse em outra parte e o repito aqui, foi dada ao Brasil por árbitro de descomunal moralidade, cuja indicação foi minha e só minha, com apoio do saudoso ex-Presidente da República Sr. Dr. Prudente de Morais.

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