Com o corpo diplomático tive boas relações e consegui alcançar certa estima de alguns dos seus membros, apesar da minha falta de mérito e da forçada modéstia do representante do Brasil numa Capital como esta. Falando com a liberdade de quem entra antecipadamente em seu túmulo, segundo a frase do meu venerável mestre Augusto Comte, devo dizer ao meu governo que o chefe da Legação do Brasil em Paris é mal pago. Com a quantia total que recebe do Tesouro só pode viver aqui com relativa dificuldade. Não pode retribuir os convites que recebe e muito menos concorrer com a sua assinatura para as numerosas subscrições que circulam entre os colegas e os homens abastados da sociedade. Para não alongar-me bastará dizer que despendi nos meus primeiros quatro anos 400 mil francos quando não recebi do Tesouro mais de 300 mil, e que gastei em 1907 cerca de 50 mil francos da minha algibeira, antes mesmo de realizar a minha viagem ao Oriente. Tenho tido aqui com a numerosa colônia brasileira e a sociedade francesa grandes despesas, aumentadas gradualmente, as quais têm sido pagas com dinheiro meu particular. Como V. Excia. sabe, pago da minha bolsa parte do aluguel da Chancelaria.
Disse isto sem ideia de beneficiar indivíduos que venham ocupar este lugar. Só tenho um intuito, o de ser útil ao nosso país. Foi sempre o seu interesse que pus antes e acima de tudo, e mui particularmente acima do meu. Foi para melhorar a sua situação financeira, em momento de crise dolorosa, que propus ao digno Sr. Prudente de Morais, com quem tive correspondência íntima e frequente, a redução dos vencimentos do corpo diplomático, medida que ele adotou com certa energia, cortando o terço dos seus honorários,