Do escambo à escravidão. As relações econômicas de portugueses e índios na colonização do Brasil. 1500-1580

Sem aproveitar detalhadamente suas pesquisas, levei em conta vários pontos de sua obra, na revisão do meu trabalho. Como até agora Almeida Prado só publicou os dois primeiros volumes dos seis de que se compõe a sua obra, não se pode ainda formar sobre ela um juízo completo. A principal diferença entre o seu trabalho e o de Varnhagen, comparação que se impõe, é que ele dispôs de um número de documentos desconhecidos ao tempo de Varnhagen. Como Varnhagen, ele se preocupa especialmente com os aspectos políticos e biográficos; talvez devido a essa preocupação, não alterou as linhas fundamentais da história colonial, na medida em que se poderia esperar. A exata natureza de seus volumes a publicar é o que então se há de ver; mas tendo ele posto como subtítulo do seu segundo volume História da formaçãqo da sociedade brasileira, é de esperar alguma mudança no tom.

A presente nota dedica-se à descrição das fontes de material para a história do século XVI no Brasil. Como se pode avaliar por um exame nas referências abaixo, esse material consiste em ordens do governo, cartas, etc., e relatos de viajantes e residentes. Entre os documentos oficiais, as "cartas de doação" entregues aos donatários eram doações de terras e poderes e os "forais" eram estipulações das relações fiscais do rei dos donatários e dos colonos. Não diferem muito das concessões aos landlords em muitas partes do mundo, e mutatis mutandis, podiam ter sido postas em prática tão bem em Maryland ou Virginia quanto no Brasil. Os "regimentos", dados aos governadores, aos funcionários fiscais, aos almirantes, e aos outros servidores do rei, eram instruções definidas acerca daquilo que esses funcionários deviam e como deviam fazer. O que foi dado a Tomé de Sousa, a que tanto nos referimos acima, é um exemplo típico. As

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