São os cronistas grande fonte de informações, não somente a respeito de tais ritos sensacionais, mas também em assuntos de linguagem, xamanismo, casamento, funerais e organização da família. Também falam a respeito da história posterior das tribos de língua tupi. A medida que prosseguia a colonização do Brasil, a faixa da costa onde viviam os selvagens, foi tomada pelos colonizadores. Muitos índios foram, então, mortos em luta, outros escravizados ou faleceram, vítimas das novas doenças importadas - varíola, sarampo, resfriado. Outros fugiram para as florestas, ou foram, em enormes expedições, à procura da legendária região de Maran-im, o paraíso terrestre. (Uma dessas expedições alcançou Chachapoyas, no Peru, em 1549, após nove anos de viagem subindo o Amazonas; falaram eles de um país que haviam encontrado em suas viagens, abundante em ouro e pedras preciosas, país que os espanhóis, imediatamente, tomaram pelo El Dorado). A tribo tupinambá, entretanto, desapareceu, como tal, completamente, só existindo agora nos relatos dos cronistas.

Tais relatos forneceram material para vários estudos antropológicos, dos quais o principal é o livro de Alfred Métraux, La Religion des Tupinambas. Eu próprio realizei algum trabalho a respeito deles, enquanto estava na Inglaterra e fiquei tão interessado que resolvi ir ao Brasil e fazer meus trabalhos de campo em antropologia, no meio de alguma tribo sobrevivente de fala tupi. Tive sorte: recebi do governo brasileiro uma bolsa de estudos e uma doação do D. S. I. R. para cobrir minhas despesas; o Dr. Muller, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, apresentou-me ao Dr. Darcy Ribeiro, jovem e talentoso antropologista, funcionário do Serviço de Proteção aos Índios. O objetivo dessa notável instituição é, não somente pacificar as várias tribos de índios hostis, ainda existentes no Brasil, mas também protegê-las contra