Selvagens amáveis - Um antropologista entre os índios Urubus do Brasil

a exploração dos civilizados, quando pacificadas. Infelizmente -"e isto não é de surpreender - tal trabalho encontra considerável oposição. As imensas florestas do interior brasileiro sempre foram consideradas como símbolo da riqueza inexaurível do país; uma espécie de terra de ninguém que, a despeito de todos os perigos, atrai os seringueiros, colhedores de oleaginosas e exploradores de suas riquezas. Não é por acaso que, no Brasil, o verbo explorar tem o sentido de aproveitar, tirar proveito, tirar partido e o de examinar, investigar, analisar, pesquisar(1) Nota do Autor. Para tais exploradores, são os índios essencialmente incômodos e, como os temem, mal os veem, atiram para matar. É muito natural que os silvícolas lhes paguem na mesma moeda, começando assim nova guerra na floresta.

Tudo envida o Serviço de Proteção aos Índios para modificar tal atitude em relação aos selvagens. Ele crê no amor e não nas balas, recusando vingar-se dos índios que matam seus próprios trabalhadores. Realiza o trabalho de pacificação por meio de presentes e compreensão. Grande parte desse trabalho, entretanto, é também científico e muito tem feito o S. P. I. para favorecer e encorajar estudos antropológicos.

Quando encontrei Darcy Ribeiro estava ele de partida, pela segunda vez, para a tribo de índios chamados urubus, como parte desse programa de antropologia. Tais índios - disse-me ele - falam um dialeto tupi; parece que praticaram canibalismo ritual em tempos não remotos - foram pacificados há uns 25 anos - e muitos de seus costumes e mitos revelam grandes semelhanças com os dos antigos tupinambás. Quando soube que esta era justamente a espécie de tribo que eu mais desejava

Selvagens amáveis - Um antropologista entre os índios Urubus do Brasil - Página 19 - Thumb Visualização
Formato
Texto