O Marquês de Pombal e o Brasil

enviados por Sua Majestade, não para serem empregados nos serviços do Tratado, tal como se achava indicado na relação dos mesmos, mas sim, e tão somente, para que ele, Gomes Freire, ficando bem informado da profissão e graduação de cada um, os empregasse como melhor lhe parecesse, de sorte que se pudessem colher os frutos da capacidade pessoal de cada um, precavendo-se sempre contra os dois perigos que a prudência política ditava se devesse acautelar em semelhantes casos.

O primeiro, seria o de recair a direção das tropas de Sua Majestade, e por consequência o principal arbítrio para a divisão de limites que se iam demarcar, em estrangeiros, os quais para sustentarem os interesses da Coroa e zelarem pelo serviço de El-Rei nos desertos onde iam concorrer com os espanhóis, não tinham outro estímulo que não fosse o do lucro do soldo recebido, único motivo que os levara ao Reino e aos lugares do continente da América, onde os subornos eram tais e de tal importância, que faziam cegar nessas partes, governadores e bispos espanhóis, para faltarem ao serviço de Deus e do seu Rei natural.

O segundo perigo estaria em poderem observar e anotar os ditos estrangeiros as condições de defesa própria de que dispunham os países que iam examinar, para dali voltarem instruídos à Europa, de sorte a acenderem a cobiça das diversas potências, nas quais já imperava a inveja pela riqueza e fertilidade do vasto império português da América.

Por outra parte, ficariam habilitados a dar informações pessoais e exatas dos lugares onde essas potências poderiam se estabelecer; dos caminhos e veredas que partindo desses estabelecimentos tornasse possível atingir os sertões mais opulentos, assim como aptos a informar sobre a resistência que poderiam encontrar, ou

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