e prestígio da pessoa do Rei, como o prestígio e a autoridade da Coroa e, portanto, do próprio Reino de Portugal. Não se tratava, então, de interesses particulares do Rei ou de seus vassalos. Não eram os choques de interesses entre jesuítas e colonos do Brasil que estavam em jogo, e sim a própria honra do Reino e do Rei, empenhado no cumprimento do disposto em um tratado importantíssimo – o mais importante até então assinado por Portugal, sob vários aspectos – o qual, aliás não fora, pelo rei D. José nem por Pombal, mas a cuja assinatura, pelo seu fiel cumprimento, queriam ambos honrar.
A resistência ao seu cumprimento não se fez sentir só em Portugal. Em Espanha foi a mesma coisa, ou pior; pois aqui todas as forças de ação demarcadora agiam no sentido de tornar realidade o Tratado, enquanto, como é sabido, o mesmo não acontecia no setor espanhol, onde, por resistências havidas no Rio da Prata, as ordens reiteradas do rei não alcançavam cumprimento. E, se houve alguma vez motivo para se acreditar na sinceridade de Carlos III em assunto relativo a Portugal, foi nessa ocasião; porque nas mais, não só na Corte de Madrid como na de Lisboa, apenas mantinham em suas mútuas relações um constante jogo de manhas e farsas com o qual procuravam esconder seus mútuos sentimentos e intenções. Neste caso, não. Carlos III de Espanha, por vezes chegou a se empenhar angustiosamente para que em seus domínios do sul da América fosse dado cumprimento à letra do Tratado que seu irmão, Fernando VI, assinara. E foi aí que surgiram os jesuítas, contrapondo os seus interesses aos das duas coroas, valendo-se da circunstância do seu interesse particular casar-se perfeitamente com o dos índios.
No território das Missões surgiu a resistência dos índios já guiados, comandados e armados por eles desde