O Marquês de Pombal e o Brasil

contra si as preocupações da Religião, ou o seu natural fanatismo; o que faz neles maior estrago que o suborno: o que chega a tal ponto, que nos casos de serem descobertos, e castigados nas mãos da justiça, creem que acabam mártires: eu mesmo fui testemunha naqueles países das conversações que neles ouvi, sobre as perseguições aos Jesuítas de Portugal, considerando-se nelas que o fim do mundo não poderia tardar; e fazendo-se outras muitas reflexões tão fanáticas como as referidas."

E ultimamente, replicando-lhe o almirantado que os espanhóis fariam facilmente uma invasão na tal ilha de Egmont, por se achar tão vizinha ao seu continente, lhe respondeu o dito informante:

"Creio que o nosso governo não desejaria senão o pretexto da dita invasão, para ter o gosto de abrir novamente a guerra, tanto mais, que nos achamos preparados para ela: e que poderíamos deitar [a mão] desde logo sobre certas partes dos domínios de Portugal e Espanha, que nos abrissem o caminho para irmos socorrer com toda a segurança o Paraguai, o qual nos pagaria com muito gosto os gastos que fizéssemos."

11. Sendo, pois este o caso em que atualmente nos achamos com os Jesuítas, e com os ingleses, os quais hoje se acham mais declaradamente unidos do que o estavam ao tempo em que se fez a sobredita informação ao almirantado de Londres; nos devemos prevenir, para nos defendermos; primeiro com a política, até onde ela se puder estender; e depois com a força em último remédio.

Quanto à política

12. Pelo que fica acima indicado se vê que os ingleses não podem romper com Portugal sem romperem ao mesmo tempo com a Espanha; e sem acenderem uma guerra geral em que a união deste reino com França, com Castela e com a Casa de

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